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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Acordo anticalote vai ao Congresso dos EUA sem apoio unânime

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS



Apesar da reação internacional positiva, os legisladores e o governo americanos avaliam com cautela o acordo entre republicanos e democratas para a redução do deficit em US$ 1 trilhão e a elevação do teto da dívida em US$ 2,4 trilhões nos próximos dez anos.
O acordo foi anunciado na noite de domingo pelo presidente Barack Obama, que lançou a responsabilidade de aprovar as medidas ao Congresso --um dia antes da data limite para o Orçamento americano e a ameaça de um calote das dívidas e ameaça de não pagamento dos benefícios sociais e empresas que prestam serviço ao governo.
Se aprovado, o pacote deve preservar a classificação de risco dos EUA, dar garantias aos investidores do mercado financeiro mundial e pode, possivelmente, reverter as perdas dos últimos dias nas bolsas diante do risco de calote.
A proposta, contudo, não é unânime entre a ala mais conservadora da direita e nem mesmo os aliados democratas de Obama.
O impasse de quase três meses sobre o teto da dívida provocou nervosismo em mercados internacionais, pelo risco de calote do maior devedor do mundo.
Os EUA atingiram seu limite de endividamento em maio, mas o governo usou manobras para garantir o pagamento das contas até esta terça-feira.
Depois de 2 de agosto, o Tesouro informou que não terá mais dinheiro para pagar despesas correntes e os juros da dívida, o que poderia levar ao primeiro calote dos Estados Unidos. A suspensão do pagamento da dívida americana provocaria o aumento das taxas de juros do país.
A líder democrata na Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, não quis se comprometer com o plano e sugeriu que nem todos os democratas vão apoiá-lo na Casa --que deve votar o pacote de medidas entre segunda-feira e terça-feira.
"Eu aguardo ansiosamente para revisar a legislação com meu cáucus para ver o nível de apoio que podemos providenciar", disse Pelosi, em comunicado por escrito.
Um funcionário da administração Obama reconheceu que "há alguns democratas que simplesmente não acreditam na necessidade de reduzir o deficit", mas ressaltou que a maioria apoia.
"Eu acho que é importante como partido mostrar aos americanos que estamos sérios sobre a redução de deficit", disse.
Os primeiros passos para aprovar o acordo no Senado começariam na tarde desta segunda-feira, na forma de um voto de procedimento para encerrar o debate na medida e estabelecendo sua votação na noite do mesmo dia. A medida seguiria então imediatamente para a Câmara dos Deputados, que votaria na terça-feira.
Mas aí reside uma outra ala de insatisfeitos, a ultradireita do Partido Republicano, o Tea Party. Seus membros sugeriram que é possível derrubar a estratégia democrata de impedir debate no Senado e pedir ao menos 30 horas de discussão sobre o plano --o que já impediria sua aprovação antes do prazo de 2 de agosto.
VETERANOS
Outro grupo "de risco" está na Câmara dos Deputados, onde mais de 60 republicanos veteranos do Comitê de Serviços Armados não parecem dispostos a aceitar o corte de US$ 350 bilhões ao orçamento base de Defesa. O corte, parte do plano, representa o primeiro golpe aos cofres do Pentágono desde os anos 90 e será implementado de acordo com uma revisão das missões dos EUA.
A proposta inclui ainda um mecanismo de segurança para que, se não houver acordo para novos meios para reduzir a despesa e atualizar o plano, outros US$ 500 bilhões serão cortados do orçamento da Defesa, entre outros.
A Casa Branca espera que os líderes dos dois partidos nas Casas consigam convencer seus colegas da importância de aprovar estas medidas. Eles passaram o último domingo investigando seus correligionários para determinar quantos votos seriam perdidos a partir do momento em que os detalhes do plano serão divulgados.
Na noite de domingo, Obama foi a público anunciar o que parece ser o capítulo final de uma disputa sem precedentes na economia americana, acostumada a elevar o teto da dívida quase anualmente. Desta vez, um tema aparentemente de prioridade econômica foi contaminado pelo clima de disputa eleitoral na Casa Branca, em 2012.
Segundo Obama, o acordo permitirá "evitar o default e encerrar a crise que Washington impôs ao resto dos Estados Unidos".

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