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sexta-feira, 1 de julho de 2016

Flip: Caco Barcellos e Misha Glenny defendem legalização das drogas


Para jornalistas, álcool é protegido nesse debate e isso expõe 'hipocrisia'.
Debate reuniu autores de livros sobre traficantes do Rio.

Shin Oliva Suzuki
Do G1, em Paraty
O mediador Ivan Marsiglia e os debatedores Misha Glenny e Caco Barcellos em mesa do segundo dia da Flip 2016 (Foto: Walter Craveiro/Flip)O mediador Ivan Marsiglia e os debatedores Misha Glenny e Caco Barcellos em mesa do segundo dia da Flip 2016 (Foto: Walter Craveiro/Flip)
"Algumas pessoas me criticam por dar voz a um bandido. E eu perguntava: 'então, por que no caso de um governador que desvia grandes quantias de verba você dá voz a esse tipo de pessoa?'", afirma o jornalista Caco Barcellos. Ele e o inglês Misha Glenny falaram nesta quinta (30) no segundo dia da Flip 2016 sobre livros em que retratam famosos traficantes dos morros cariocas.
No encontro chamado "Os olhos da rua", que teve mediação do também jornalista Ivan Marsiglia, Barcellos e Glenny comentaram as críticas sobre escolherem a vida de traficantes para os seus livros. Eles também apontaram problemas da política proibicionista para as drogas e defenderam descriminalização e legalização. A mesa foi bastante aplaudida, e o público reclamou quando foi avisado que a sessão se aproximava do fim.
Glenny é autor do recém-lançado "O dono do morro: Um homem e a batalha pelo Rio" (Companhia das Letras), biografia do traficante Nem da Rocinha. Já Caco Barcellos, repórter da TV Globo e responsável pelo programa Profissão Repórter, escreveu "Abusado - O dono do morro Dona Marta" (Record), de 2003, sobre Marcinho VP.
Para o livro-reportagem sobre Nem da Rocinha, Glenny aprendeu português e viveu na favela como um local: "Você tem que experimentar o saneamento a céu aberto, o barulho, o cocô de cachorro por todos os lados... e eu um inglês de 50 e poucos anos de classe média. Não foi fácil", disse, entre risos.
O inglês descreve como Nem apostou em alguns instrumentos como tentar tornar a Rocinha mais segura para atrair mais consumidores e investir na corrupção policial para alavancar os seus negócios. Novamente, constatou a ausência do estado e a presença de um criminoso que supre esse papel. "Ele virou o presidente de uma comunidade de 100 mil pessoas", afirmou Glenny". 
Caco Barcellos defende que a visão das camadas mais pobres é mais ampla: "Os trabalhadores de baixa renda são muito mais bem informados do que os de classe média porque conhecem os dois lados da moeda. A empregada conhece a intimidade do rico e vive o cotidiano da favela".
Álcool liberado
Sobre a legalização, Caco Barcellos afirmou: "Eu repetiria aqui um conceito que alguns intelectuais do Rio estão levando à frente que é: 'quem proíbe drogas está a favor do tráfico'. Concordo totalmente. Quem ganha com a ilegalidade, a não ser o traficante e o funcinário desonesto, que ao invés de combater acaba se beneficiando?".

Para ele, "é muito hipócrita fazer guerra às drogas tirando dela o álcool, o grande responsável pelas mortes no Brasil".
"Perdi uma quantidade imensa de amigos desde a infância por câncer no fígado. E só porque acham legal o álcool a gente não inclui? É uma hipocrisia gritante. Veja que os anúncios publicitários são proibidos para bebidas com gradação alcoólica acima de 4,5%, ou seja, a cerveja é protegida. Na França também, protegem os produtores de vinho."
Pouco antes, Misha Glenny havia dito: "A descriminazliçação e legalização são o futuro de um mundo racional onde o ser humano [está] no centro da política e não os interesses fiscais ou políticos".
O britânico falou também sobre a violência: "A introdução da cocaína no Rio e a guerra às drogas elevou as taxas de violência na cidade. As taxas excedem muito o que a ONU considera uma guerra civil".
O encontro em Barcellos e Glenny é a realização de um debate que estava planejado para acontecer na edição de 2008 da Flip, mas Caco Barcellos precisou cancelar a participação em cima da hora e foi substituído na ocasião por Guilherme Fiúza.

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